28
Fev 09

 

A

penas mais uma noite de lua cheia, uma mera noite de Primavera do ano de 1922. Mas, algo sobrevoava West Drayton Church, uma criatura gigantesca errava sob os túmulos e igreja local.

Vários mortais a observavam, com assombro e temor espelhados no olhar perante a sua extraordinária aparência: era uma negra criatura alada semelhante a um descomunal morcego. Apesar do pânico que apoderava o seu interior, dois agentes da autoridade reuniram um pouco de coragem e iniciaram o encalço a esta criatura. Apercebendo-se da agitação que se iniciara na Terra, a figura soltou um grito fatal, um som agudo e áspero escapou das suas entranhas, paralisando todas as testemunhas. Ao mesmo tempo, alisou as suas imponentes asas e rasgou o céu, desaparecendo perante a limitada visão humana.

O corpo tremia compulsivamente, a voz teimava a soar – estupefactos, paralisados, assustados…assim se encontravam os aldeões.

- É ele! Ah!! Vinte e cinco anos depois a criatura ousa aparecer… Harmondsworth de 1890… - um velho homem clamava as suas conclusões mas ninguém o levava a sério. Afinal tratava-se de um velho, alguém cuja idade fantasiava as vivências, pessoas de século anterior que alimentavam a superstição e a transformavam em realidade. Assim, apesar de este episódio ensombrar os momentos governados pelo subconsciente, todos o ansiavam esquecer e retomar a sua enfadonha rotina. Tudo ia voltando à normalidade.

Já haviam passado algumas semanas. Um novo dia ousava aparecer, uma nova aurora, uma nova aventura. Um homem percorria aquelas ruas, encaminhando-se para um novo dia de trabalho. Apenas dobrou a esquina, algo aparentemente invisível o agarrou e perfurou o seu pescoço. Sentia o sangue abandonar o seu corpo e derramar-se ao longo do chão imundo, sentia o pavimento mais próximo de si, sentia-se desfalecer…Era o fim, a morte…

 

 

Lenda assombrosa de autor desconhecido recriada por LACCAP,

pois quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto.

Ilustração de Victoria Francés

 


16
Fev 09

 

 

 

A lua…

Muitos mitos giram em torno dela tal qual ela se move à nossa volta.

Símbolo de feminilidade e fertilidade foi alvo, desde cedo, da atenção dos mortais.

 

Na mitologia celta representa a mãe tríplice ou deusa mãe e cada uma das suas fases corresponde a uma mulher. (imagem anexa representa a mãe tríplice celta) Todas as crenças celtas são principalmente ligadas ao poder da natureza e da mulher, símbolos de vida e de morte. A lua personifica então a trindade feminina da donzela (crescente lunar que representa a virgindade e a delicadeza), da mãe (lua cheia com o ventre carregado de vida) e da anciã (quarto decrescente que desaparece na noite escura e representa a sabedoria e o poder). A lua nova é Morrígan, é a deusa da guerra que sobrevoa os campos de batalha sobre a forma de corvo, do destino e da morte.

 

 

Da lua surge assim a ideia de ciclo de vida presente em todos os seres. É ela que comanda as marés e é com ela que vemos o tempo passar: o fim e inicio de mais um ano, de mais um mês, de mais uma noite, na nossa breve existência. Um ciclo. Anuncia a chegada da escuridão envolvendo todos os mortais numa aura de mistério e apreensão.

 

O misticismo que a envolve despertou, não só a adoração, mas também o medo.

Os ritos lunares foram, muitas vezes, associados a actos de magia obscuros. Feiticeiras e lobisomens surgem em noites de lua cheia e despertam o pânico nas povoações.

Na idade média muitas mulheres foram perseguidas e condenadas à fogueira, acusadas de cultos sombrios ligados à feitiçaria. Muitos homens foram torturados e julgados sob falso testemunho mas, inundados pelo fervor religioso, todos o consideravam como necessário ao fim do paganismo, para que se guardasse “a pureza da fé”.

 

O homem demonstra, mais uma vez, a necessidade de criar lendas e mitos, em redor daquilo que adora ou teme, seja transformando-o em deus e motivo de veneração ou personificando-o em terrores que o assombram.

 


15
Fev 09

 

Todos os dias esperamos uma aurora e um crepúsculo. Todos os dias esperamos que o sol acorde, nos ilumine e se deite dando lugar à misteriosa lua que irrompe por entre as trevas. O movimento e a beleza dos astros, desde cedo exerceram um grande fascínio sobre os homens. Ao observar o ciclo dos céus o homem acreditou encontrar-se no seu centro, uma posição privilegiada que lhe permitia mostrar o seu poder. Sendo o homem uma obra divina, seria de esperar que lhe fosse conferido este poder.

O geocentrismo é aceite desde a antiguidade grega. Defendido por vários filósofos da época, um deles e mais conhecido Aristóteles, predominou no pensamento humano durante alguns séculos, e mesmo após ter sido refutado por matemáticos como Copérnico apenas se tornou falso muitos e muitos anos depois.

 

A 15 de Fevereiro de 1564 nasceu em Pisa, Itália aquele que iria destronar as ideias geocentristas dando origem ao maior avanço de sempre no conhecimento do universo – o heliocentrismo.

Para além de desenvolver estudos sobre queda de corpos, movimento de projécteis e pêndulos, irrigação e hidrostática, Galileu Galilei foi o primeiro homem a olhar o céu através de instrumentos ópticos como as lunetas o que lhe permitiu descobrir as montanhas da lua, os satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e estrelas da Via Láctea.

Após muitos anos a observar o céu verificou também que Vénus possuía fases tal como a lua.

Se o sol e Vénus girassem em volta da terra como ditava o geocentrismo, o planeta apresentaria sempre o mesmo tamanho aparente e seria avistado a qualquer hora da noite em qualquer posição do céu. No entanto Vénus nunca se afasta muito do sol podendo ser visto à tarde ou de madrugada, para além disso o planeta aparentava ser muito maior perto da fase nova do que na cheia.

Assim concluiu que a Terra não poderia ocupar o centro dos céus. No seu lugar estaria uma estrela, o sol, e os restantes corpos celestes girariam à sua volta.

Embora este constituísse o argumento mais sólido da teoria já defendida por Copérnico anteriormente, não se formara ainda uma prova irrefutável. No entanto tornara-se evidente que estas novas formas de interpretar a Terra e o que a rodeia entravam em contradição com a doutrina de Aristóteles.

Tal como tantas outras inovações científicas, o heliocentrismo foi abafado pela igreja pois não ia de encontro aos dogmas até então impostos.

Galileu chegou mesmo a ser preso e julgado pelas suas ideias tendo sido obrigado a abdicar da sua teoria. No entanto o seu orgulho era maior do que a repressão por isso conta-se que ao sair do julgamento Galileu afirmou “Eppur si muove!” (Contudo, ela move-se!).

No decorrer dos séculos a austera igreja continuou convicta na sua posição tendo apenas absolvido Galileu Galilei a 1999.

 

Por mais que o tempo avance e a sociedade se diga mais liberal, a ciência permanecerá a arqui-inimiga da religião.

 


12
Fev 09

 

No dia 12 de Fevereiro de 1809 nascia, na cidade inglesa de Shrewsbury, Charles Darwin o criador da até hoje bem conhecida teoria da evolução que revolucionou a nossa concepção do mundo.

 

A sua obra apenas se tornou possível devido à viagem a bordo do Beagle durante 5 anos na qual observou, registou e recolheu informação relativa a animais e plantas com as quais se deparou ao longo do seu caminho.

Durante a expedição teve a oportunidade de reunir uma grande quantidade de espécies e rochas assim como um grande número de ossos fossilizados. Mas, foi a 7 de Setembro de 1835, quando o Beagle rumou em direcção às Galápagos, que a viagem se mostrou realmente produtiva. Nestas ilhas, Darwin observou a presença de uma grande variedade de tentilhões – 14 espécies distintas que possuíam características muito próprias – cujo bico se adaptara ao tipo de alimento que consumiam.

Após 14 anos a analisar os dados que recolhera na viagem, assim como a ler obras de outros autores, concluiu que os animais tendem a evoluir de forma a se adaptarem ao meio em que se encontram - os mais aptos sobrevivem enquanto que aqueles que não desenvolvem capacidade para tal, acabam por morrer. A este mecanismo denominou de Selecção Natural.

A 1859 Darwin terminou finalmente os seus estudos e publicou “A Origem das Espécies”, onde o ser humano deixou de ser o centro da criação.

O facto desta teoria contrariar as leis de deus gerou grande controvérsia tendo sido alvo de críticas, principalmente por parte da igreja. O evolucionismo opunha-se ao criacionismo ameaçando as crenças religiosas.

No entanto, a teoria de Darwin possuía limitações uma vez que não esclarecia o modo como as características eram transmitidas de geração em geração. Apenas mais tarde com os estudos de Mendel (Gregor Joham Mendel, 1822-1884, que efectuou estudos com a ervilheira Pisum Sativum), Morgan (Thomas Hunt Morgan, 1866-1945, que efectuou experiências com a mosca do vinagre Drosophila Melanogaster) e outros curiosos, se descobriu que essas características se transmitiam através de “factores”, hoje conhecidos por genes. Era o nascimento da genética.

Embora os genes confirmem a veracidade da teoria da evolução, esta continua a ser refutada pelas leis religiosas. A existência de um criador foi desde cedo aceite como verdade absoluta por todas as civilizações. A vida é algo milagroso e portanto deve-se à acção de deus.

Evolução e criação mostram-se incompatíveis pois parece não existir lugar para um ser supremo e criador nas crenças científicas actuais.

A ideia de que deus é tudo e tudo é deus desvanece-se à medida que a ciência avança, no entanto inúmeros religiosos continuam a opor-se à evolução afirmando que esta é uma mentira. “Seis em cada dez norte-americanos acreditam que o criacionismo é uma teoria científica. (…) ” Existem mesmo organizações, como a Truth in Science no Reino Unido, que lutam para que o evolucionismo seja retirado do sistema de ensino ou que, pelo menos, o criacionismo seja ensinado como teoria científica alternativa. Na Sérvia, a ministra da educação Ljiljana Colie chegou mesmo a suspender o ensino da evolução, em 2004, se esta não fosse leccionada juntamente com o criacionismo, tendo sido demitida após o sucedido. Também no estado da Luisiana a mesma lei foi aplicada tendo sido, no entanto, considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos por violar o princípio da separação entre o Estado e a Religião.

 

 

 

 

 

150 anos já passaram desde publicação de “A Origem das Espécies” de Darwin, no entanto a obra continua a causar polémica. Enquanto homens como ele existirem, possuidores de uma curiosidade sem limites, a ciência continuará a progredir gerando novas certezas e incertezas sobre as certezas.

Enquanto a vontade de ir mais além, o sonho, mover o homem, o homem moverá o mundo e verdades absolutas tornar-se-ão mentiras outra e outra vez.

 

 

http://www.truthinscience.org.uk/

http://www.darwin200.org/index.html

http://www.galapagospark.org/png/index.php

http://www.mendelmuseum.muni.cz/en/

http://www.fieldmuseum.org/mendel/

 


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