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Abr 09

A lua ia alta no céu e as estrelas brilhavam. Na terra, uma pequena flor despontava por entre o castanho do solo. Um mocho namorava a escuridão com o seu chamamento mágico, depois…o sono chegou e pé ante pé esgueirou-se para o buraquinho da árvore onde vivia.

Era a manhã.

O orvalho beijou o pequeno botão e a florzinha começou a espreguiçar-se lentamente. Primeiro sacudiu as folhinhas, depois… muito suavemente abriu-se aos raios de sol, pétala a pétala. Um pássaro cantou acordando todo o jardim.

A pequena flor viu assim as suas vizinhas, uma a uma, abrirem-se exibindo as suas vivas cores, viu as borboletas acordarem e esvoaçarem em seu redor, e viu a bela e sedutora donzela chegar com o seu sorriso de sol no olhar. Era a Primavera!

 

Na cultura celta a chegada da Primavera era festejada, não a 20 de Março, mas a 1 de Fevereiro num festival chamado Imbolc que exaltava o final do Inverno e a preparação da terra para a nova estação.

Imbolc é um festival religioso celta realizado em homenagem a deusa Brígidh, deusa da poesia, do conhecimento e da fertilidade. A deusa daria um “bom parto” às mulheres, aos animais e à terra abençoando os ventres, os solos e as colheitas.

Enquanto que em vários locais do globo Fevereiro ainda é um mês frio, os celtas encontravam nele o início da Primavera através de sinais dados pela Natureza como o rebentar de certas espécies de plantas e a primeira lactação das ovelhas, Imbolc quer dizer isso mesmo - lactação. Como símbolos adoptaram sementes e flores representando o renascer, uma nova vida, e animais que hibernam como o urso, a marmota, a doninha, o furão e o texugo

 

 

 

 

Segundo a tradição a filha ou a mulher mais velha da casa colhia junco retornando ao lar dizendo – “Be on your knees, and open your eyes, and let blessed Brígidh in!” ao que todos os presentes respondiam – “Oh! Come in, you are a hundred times welcome!”. De seguida a mulher colocava o junco por baixo da mesa e abençoava a casa, a comida e a bebida. Realizava-se também uma procissão à luz de archotes para que os campos fossem purificados e dessem frutos.

Este festival simbolizava, para além do referido, a libertação do antigo, do passado, o renascer e por isso em certos ritos era utilizada uma vassoura que varria o chão em círculos purificando o ambiente e renovando-o.

Os ritos podiam divergir um pouco de região para região mas o simbolismo convergia em todos os casos na despedida do Inverno para dar lugar à Primavera.

 

Em certos povos germânicos a chegada desta estação era festejada em honra de Eostre, a deusa da Primavera, acompanhada por símbolos um pouco diferentes de fertilidade e vida: o Ovo e o Coelho.

O Ovo, tal como a semente, mostra-nos o incessante nascer do Mundo, o aparecer de nova vida, novos seres. Por sua vez, o coelho é um ser indubitavelmente fértil, sendo capaz de originar grandes ninhadas.

Assim, no equinócio da Primavera os indivíduos trocavam entre si ovos coloridos e exaltavam a figura do Coelho… o que nos parece familiar…não?

Exacto, actualmente, a tradição mantém-se mas sujeita a alterações.

Com o aparecimento do Cristianismo, as celebrações primaveris foram abafadas e toda a sua simbologia transportada para a festa cristã denominada Páscoa. Assim, ao pronunciar a palavra Páscoa surgem-nos associados a paixão de Cristo, o coelho da Páscoa acarretando os seus ovos de chocolate e as amêndoas.

O Coelho e o ovo estão hoje presentes na sua forma mais materialista e poucos nos sabem responder o que simbolizam, chegamos mesmo a rir incredulamente perguntando-nos como é possível ser o coelho a transportar os ovos e colocando mesmo a hipótese da existência de uma variedade destes seres capazes de os pôr. Mas como podemos ver, o ovo e o coelho não são apenas meras prendas feitas de chocolate… estão carregados de história e simbolismo.

Todas as nossas celebrações, apesar de atravessadas por crenças religiosas, baseiam-se no poder mitológico. No “nada que é tudo”. Todas representam vida e tentam conferir um significado, colorir a nossa realidade.

 

Embora o Homem esteja corrompido pelo espírito materialista que encostou a estas celebrações, uma parte dela anseia encontrar a família, espalhar sorrisos e partilhar momentos.

 

Nesta Páscoa agarrem vida! Observem-na aproximar-se com um sorriso tímido no rosto, com passos leves e delicados…Renasçam!

 

 

 

 


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